19.5.09

O meu Baú de Design













Fala-se muito em impressão offset mas, na sua grande maioria, mesmo aqueles que trabalham diariamente com trabalhos gráficos, desconhecem os seus mais elementares princípios. Exatamente para que não traga confusão, vamos de modo simplista explicar o que é o processo de impressão offset. A denominação de impressão litográfica surgio em 1804, alguns anos após a sua descoberta, em 1796, por Alois Senefelder. Este considerava-a como impressão química, pois tratava-se efectivamente dum processo químico da reacção de ácidos e gorduras sobre a superfície duma pedra polida com determinadas características. A etimologia do vocábulo litografia (do grago lithos, pedra, e grapho, escrever) pretendia dizer: escrever na pedra para poder imprimir.

"... faço votos que a minha invenção se propague por todo o mundo, que seja da maior utilidade para toda a humanidade, que sirva para o seu progresso e que nunca seja utilizada para fins perversos. Deus faça com que se cumpra o meu desejo. Se isto chegar a realizar-se, bendita seja a hora em que o meu invento nasceu." Alois Senefelder (1771-1834).

LITOGRAFIA E OFFSET
O que descobriu Senefelder?
rebuscando no livro "tratado de Litografia", escrito por Senefelder, verifica-se pelas suas palavras: "Estava alisando uma pedra para depois e tratar com água-forte e continuar as minhas experiências de escrita invertida, quando a minha mãe me pediu que lhe preparasse uma lista para a lavadeira. A lavadeira esperava impaciente e eu não tinha perto nada para escrever. Nem papel, nem tinta.
Nada me ocorreu melhor do que utilizar o que tinha à mão - a composição de cera, sabão e negro de fumo, que não era outra coisa senão a tinta que eu usava para escrever directamente na pedra. Escrevi a listagem da roupa entregue, sobre a pedra, que tinha acabado de polir. Quando quis apagar, pensei: que sucederá se eu quiser imprimir o que escrevi?
Já tratei a pedra com ácido nítrico (água forte), será que esta altura de tinta poderá ficar igual ao relevo dos tipos? (Naturalmente requeria conceber um ingrediente que mantendo a espessura da camada de tinta rebaixasse a pedra - isto é, que tornasse o relevo de certo modo destacado da superfície da pedra).
Combinei uma nova mistura. Desta vez com uma parte de ácido nítrico por dez de água. Rodeei a pedra com uma altura de cera pela borda, por forma a não deixar que o líquido escorresse para fora da sua superfície. Verti a mistura até duas polegadas de altura e deixei permanecer durante 5 minutos.
Observei a acção do ácido e comprovei que a escrita tinha adquirido uma altura de mais do triplo daquele que tinha inicialmente. Digamos que adquiriu altrura correspondente à espessura de uma cartolina".
Nem todas as pedras prestavam para uma impressão perfeita. Somente as de grão fino, uniforme e compacto que, graças a estas qualidades, podiam chegar a ficar perfeitamente planas e lisas. Ainda deveriam ser porosas no ponto suficiente a permitir aderência perfeita das gorduras e uma uniformidade da humidade para se conseguir uma tintagem equilibrada. Agrande descoberta de Senefelder foi afinal inverter a situação. Em vez de gravar na pedra, escavando, fazendo relevo, a solução era manter a tinta, rebaixando-a (1976).

INDUSTRIALIZAR O SISTEMA
Seneflder associou-se a um amigo para explorar a ideia. Era um músico chamado Gleissner que desde logo dirigiu o negócio para a impressão de pautas de música. Para evoluir e evitar a escrita ao contrário, fez inúmeras experiências. De tentativa em tentativa, Senefelder descobriu o ainda hoje chamado "transporte" sobre a pedra por meio de "autografia" em papel intermediário. Estas descobertas foram concretizadas entre 1797 e 1798.

A ACTUALIDADE
Esta execução litográfica, manual e desenhada com caneta, a pincel ou a pápis, não desapareceu, pelo contrário, está viva e recomenda-se, mas para casos de arte em que o artista faz a sua gravação pelo seu sentir directo e com a sua própria técnica, utilizando a que descrevemos ou explorando outro qualquer material. Normalmente as tiragens são pequenas e autenticadas pelo autor, indicando o número de provas tiradas.
COMO NASCEU A MÁQUINA OFFSET
A França reivindica a descoberta da impressão offset rotativa
Os alemães e os ingleses atribuem-na ao operário russo Ira Rubel, que era impressor em Nutley, povoação prto de New Jersey, na América, em 1900.
Partindo de uma impressão (retintado) no verso de uma folha que estava a imprimir que sauio em branco (sem impressão), a imagem ficou num cilindro que directamente imprimiu a folha seguinte. Estava, assim, descoberta, sem querer, a impressão indirecta (offset).


retirado portugal design, revista técnica de artes aplicadas, n.º 4, mensal, maio 2000, caderno técnico: litografia e offset pags. 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90 e 91
porque aprendo a descobrir e a pensar com os outros, no meu Baú de Design.


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