9.3.08

aceitar uma "nega"

Custuma-se comentar e ouvir entre nós (designers) que há designers a fazerem maus trabalhos, uns por falta de prática ou gosto estético é certo, mas as razões alargam-se muito mais além do que isso,... e a experiência é a prova disso.

No decorrer da minha ainda jovem carreira de designer tenho criado trabalhos +/- bons ou razoáveis, outros médios,.. uns maus e outros péssimos, bem,...vou focar neste "post" algumas situações sobre a questão destes "trabalhos péssimos".

No início de qualquer projecto é normal seguir um conjunto de passos, a leitura atenta do "brief", a pesquisa de dados, inspirações sobre a àrea de negócio onde se insere o projecto etc. Segue-se o desenvolvimento de esboços até à apresentação das propostas ao cliente, é neste ponto que estamos na hora da verdade ansiosos por ouvir algo como:
"Aprovado! Parabéns, muito bom trabalho!"
É verdade que já tive esta sorte, mas nem sempre é assim. Os nossos trabalhos embora "bons" nos nossos olhos muitas vezes são o oposto do que o cliente espera, normalmente vêm com uma espectativa de um exemplo qualquer que viram numa revista ou web, ou aplicado numa empresa da concorrência,.. ou nem numa coisa nem outra, simplesmente não sabem o que querem e estão à espera que sejam surpreendidos com as nossas propostas. Daqui posso acrescentar que já obitive observações como esta:
"Isto está uma merda! Isto não é nada daquilo que eu quero!"
Para nossa sorte poucos são aqueles que não têm pinga de respeito, mas infelizmernte
existem pessoas assim. Nestes casos em concreto acabamos por perder o cliente ou por fazer aquilo que ele pede á letra,... o que muitas vezes sai um "péssimo trabalho".

Passo a citar as palavras de uma amiga designer que comentou comigo

"deixei de criticar o trabalho dos meus colegas quando comecei a lidar directamente com clientes"

acho que está tudo dito.



2 comentários:

Anónimo disse...

ninguém é obrigado a fazer trabalho em que não acredita!
os clientes não têm nenhuma pistola apontada à nossa cabeça.
E enfrentar/educar o cliente com calma e cabeça erguida.
Há que ter dignidade naquilo que se faz.

Bruno Boto disse...

Penso que um bom trabalho é aquele em que todas as partes, designer, cliente e público, se sentem fazer parte e que participam entusiasticamente. Será esse equilíbrio que pode, na minha perspectiva, designar se é ou não um bom projecto. Relativamente à aceitação da "nega" será verdade que serão poucos os "clientes" que num "brief" com um especialista profissional, por exemplo um médico, sugerem opções ou diagnósticos, à receita que este determina para o seu problema. Agora, questionemo-nos porque acontece na nossa profissão este constante sugerir de cores, elementos e estruturas gráficos, tipografia, por ai fora por parte do cliente. Será porque o ser humano seja ele um designer, um talhante ou mesmo um advogado tem uma vertente e um gosto estético e criativo inato, ou será que a profissão de designer é tão recente e jovem que não existe ainda o respeito merecido como acontece como por exemplo na arquitectura ou na pintura.
Por outro lado, o autor Paul Arden, no seu best-seller "IT´S NOT HOW GOOD YOU ARE, IT´S HOW GOOD YOU WANT TO BE", refere o seguinte: "do not seek praise. seek criticism", ou seja, "não procures o elogio, procura a critica", e com alguma razão, porque será esta que nos fará evoluir e procurar novas soluções e não o cómodo louvor que nos seria mais fácil aceitar.